Leitura Semiótica das obras de Tarkovsky

Registro do Processo Criativo do trabalho de conclusão da disciplina Semiótica Aplicada, realizado pelos alunos Laísa Fantinati, Marcella Gil, Maria Victória Beligni, Maria Pires e Stephanie Hupfeld. Turma CSO 2A , ESPM-2014/1.

Conclusão e encerramento

Concluímos assim o nosso trabalho de Semiótica Aplicada com nosso curta finalizado.
Ao longo do caminho aprendemos quão complexa é a obra de Andrei Tarkovsky , qual no início apenas aparentava ser tediosa e confusa. Aprendemos que o diretor tem uma grande proposta ao trabalhar os temas e tempos em seus filmes que levam em consideração sempre a primeridade, levando o intérprete a uma experiência interessante, principalmente quando relacionada à percepção de tempo.
Seus filmes são obras que devem ser vistas mais de uma só vez para ter um entendimento melhor, mas mesmo assim, seu poder de analogia costuma permanecer enigmático. Houve certa dificuldade ao analisarmos cenas exatamente por esse tipo de conteúdo complexo, que o diretor costuma utilizar.
Compreendemos agora também o trabalho intenso que é produzir um simples curta de oito minutos, quão cansativo é elaborar modos criativos de criarmos significados aos mais diversos significantes, mesmo estes sendo algo tão presente no dia a dia, como a agua, um elemento que Tarkovsky utiliza muito. Vimos que é extremamente trabalhoso tentar perceber as coisas e imaginarmos o mundo com o olhar de nosso diretor.
Acreditamos que não podemos nos dizer especialistas nesse diretor, mas com certeza chegamos mais a fundo de um possível entendimento de sua obra e melhoramos nossos olhos para que estes percebam os mais pequenos detalhes que definem um diretor e seu trabalho.

Bibliografia

25. NOSTALGHIA (1983)

http://www.fandor.com/keyframe/andrei-tarkovskys-cinematic-candles

http://www.filmref.com/directors/dirpages/tarkovsky.html

http://www.leftfieldcinema.com/andrei-tarkovsky-nostalgia

http://people.ucalgary.ca/~tstronds/nostalghia.com/TheTopics/Piero.html

Andrei Tarkovsky

Tarkovsky, Andrei

TARKOVSKY, Andrei Arsenevich, Esculpir o Tempo (1998,Martins Editora)

https://www.youtube.com/watch?v=HY4Ly9-Uz0Y (Andrei Tarkovsky’s metaphysical mastery – Entrevistador Rob Sachs conversa com Nariman Skakov (Professor de Estudos Eslavos da Universidade de Stanford)

https://www.youtube.com/watch?v=XSV7xKraPbA (Produção BBC Arena, Lançado em 1987)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Andrei_Tarkovski

http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&cad=rja&uact=8&ved=0CEQQFjAD&url=http%3A%2F%2Fwww.usp.br%2Frus%2Fimages%2Fedicoes%2FRus_n01%2F06_OLIVEIRA_C_de_-_Historia_e_Documentario_no_Cinema_de_A_Tarkovski.pdf&ei=f8VqU9aELMyHyATLj4LYAw&usg=AFQjCNGqZrEQdLF3Uvcly7I5S3UobdKFdQ&sig2=AipfHnwdb-qowR2ARBG_Bg&bvm=bv.66330100,d.aWw (DE OLIVEIRA, Cássio – História e Documentário no Cinema de Andrei Tarkóvski, Paper)

http://www.rua.ufscar.br/site/?p=1793                                                                                        

 http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000373021                            

http://cinemaeuropeu.blogspot.com.br/2009/02/o-sacrificio-de-tarkovski.html – Frases

http://www.contracampo.com.br/61/sacrificio.htm – Crítica

http://neizateixeira.blogspot.com.br/

http://depoisdaquelefilme.blogspot.com.br/2008/08/o-sacrifcio-de-andrei-tarkovsky.html

http://cineclubefdup.blogspot.com.br/2011/11/critica-o-espelho.html

http://revistamododeusar.blogspot.com.br/2012/12/zerkalo-o-espelho-1975-de-andrei.html

DOSSIÊ TARKOVSKI VOL. 3 – SOLARIS + ESPELHO – DVD                                                              

 http://www.cineplayers.com/critica/solaris/1489                                                                          

 http://www.telacritica.org/solaris_tarkovski.htm

Crítica de Felipe Bragança – O Sacrifício

O Sacrifício 

Por Felipe Bragança

Palavras, palavras. Teatro insuficiente das palavras. “Ninguém vai fazer nada?” – pergunta a si mesmo o patriarca da família. “Tudo será sempre igual, se fizermos tudo sempre da mesma forma?” O Sacrifício é o testamento de um cinema em busca de um ultrapassamento, de um cinema em que a fissura da superfície aparece como obsessão – de uma vida de imagens debruçadas sobre a possibilidade da ruptura, da quebra, do estilhaçar de um certo apaziguamento aparente das coisas. Em O Sacrifício, a normalidade aparece na forma marcada e gélida de uma família sueca que se encontra para comemorar o aniversário de seu patriarca. A tensão dos gestos, a aspereza dos diálogos, a rugosidade das paredes vazias ao longo do primeiro terço do filme, todo o teatro das cenas remete a um lugar ao mesmo tempo de conforto/acomodação e de profundo incômodo. Há um grito latente no perambular dos personagens, nas trocas de olhares entre pais e filhos, patrões e empregados, maridos e esposas… Atores e mobílias da casa parecem se igualar na sua manutenção da ordem, na sua economia dos espaços. Em meio a toda essa frieza, o patriarca se sobressai como a figura que carrega no peito uma angústia, um se indispor diante da vida-posta, uma condição espiritual que dá a ele um sentido patético, uma espécie de fantasma de gestos vagos.

É apenas com o seu pequeno filho, porém (e só com ele), que o homem consegue travar um embate direto – ironia-poética de Tarkovski, o menino acaba de passar por uma cirurgia na garganta e não pode falar – se comunicando apenas por gestos e grunhidos, sob um chapéu de pano branco que lhe esconde o rosto. Desde o primeiro plano essa relação é estabelecida, como se naquele menino estivesse a imagem reposta de uma esperança ainda sem palavras. O filme se inicia assim: com os dois personagens, ao longe, plantando juntos uma árvore à beira de um lago, enquanto o homem narra a fábula de um homem cuja sina era regar uma árvore morta (até que ela florescesse novamente…). Nesse certo sentimento de impossível, Alexander (o pai) reitera a figura do desviante, do visionário trágico, presente em diversos aspectos da obra do diretor. É ele que, numa espécie de sonho-sono-previsão do futuro, vê ou antevê a explosão de uma guerra nuclear de proporções mundiais que aparecia como o anúncio do apocalipse. Alexander se ajoelha e lança os olhos para o alto: por cerca de um minuto, faz sua súplica ao vazio, coloca a própria ordem (família, casa, filhos) de sua vida em sacrifício e promete deixar tudo para trás “se tudo voltar a ser como antes…”. Nesse misto de transe, de histeria, o personagem quase-nonsense do carteiro faz as vezes de um anjo mensageiro/consciência, que sussurra para Alexander a única e absurda saída: fazer amor com uma misteriosa empregada da casa, uma bruxa capaz de reverter o destino trágico da humanidade.

Tarkovski não faz diferenças de tom, de verdade, entre as possíveis alucinações e a rotina da casa, tudo é apresentado no mesmo tom, na mesma cadência, e às vezes o absurdo parece mais plausível do que a ordem tão naturalizada das coisas. O filme, sem palavras claras, vai aos poucos narrando as ações de Alexander, e nos fazendo reconhecer em suas ações os gestos extremos das palavras proferidas em sua súplica. A casa em chamas, uma certa alegria trágica. O Sacrifico é um elogio dos gestos extremos, da incapacidade de deixar que tudo permaneça, do ultrapassamento de seus sentimentos mais sedimentados para a possibilidade de uma sobrevida do homem. Loucura e libertação andam juntas, e é belíssimo ver como Tarkovski inscreve esse sentido na carne do filme. É notável o longo plano-seqüência em que Alexander corre de seus familiares e da ambulância antes de ser capturado num vasto campo gramado – a casa em chamas ao fundo e a correria quase ridícula, tira o filme da sintonia apática, dos gestos marcados, da câmera dura. Há um pequeno caos, uma pequena ruptura, um pequeno sacrifício da vida como ela é, para que a própria vida possa perpetuar-se/expandir-se para além do hábito. O apocalipse não como fim de tudo, mas como o findar de tudo numa repetição sem limites. O Sacrifício é um elogio do ir além, uma ode à vida como possibilidade de reinvenção e não como manutenção do mesmo. A saúde da loucura, sua capacidade de tirar as coisas do lugar, como esse necessário sacrifício do espírito diante da amenização da vida.

Último filme de Tarkovski, O Sacrifício é dedicado a seu filho e termina com o menino de Alexander deitado aos pés da árvore morta, que ainda não floresceu. Essa imagem final, de esperança (mais do que de melancolia), é o plano final da filmografia do diretor. É quando ouvimos, pela primeira vez (e somente), a voz pequena do menino e ele profere a pergunta primeira, a mais essencial de todas (“No início era o verbo” – ação primordial do espírito) – aquela que talvez fosse a saída para o recomeço que o cinema de Andrei Tarkovski sempre se esmerou em intuir, ou seja: “Por que, meu pai, por quê?”.

 

Nosso comentário:

A crítica ao filme “O Sacrifício” feita por Felipe Bragança, retrata muito bem o filme e suas principais características, algumas típicas de Tarkovski como o cenário obscuro, as paredes vazias ao longo do filme, a aparência de casa, de conforto, mas que ao mesmo tempo causa incômodo devido à inércia, ele durante grande parte do filme não faz diferença de tom entre as possíveis alucinações e a rotina da casa. Isso dificulta identificarmos algumas passagens como a explosão de uma guerra nuclear, não se sabe se é sonho, se é previsão ou se aquilo realmente está acontecendo. Suas cenas são muito longas, quase sem corte, além da câmera não fazer movimentos consideráveis, algo não citado na crítica.

Há muitas passagens relacionadas a religião, não apenas católica, como também espírita e outras mais. Em algumas entrevistas Tarkovski fala sobre o assunto; “O assunto que abordo neste filme é, na minha opinião, o mais crucial: a ausência de espaço para a existência espiritual em nossa cultura. Nós ampliamos a meta das nossas realizações materiais e conduzimos experiências materialistas sem levar em conta a ameaça que é privar o homem de sua dimensão espiritual. O homem está sofrendo, mas não sabe porque. Ele sente uma ausência de harmonia e procura a sua causa.”

A crítica cita a empregada como uma bruxa capaz de reverter o destino trágico da humanidade, mas o grupo acredita que Maria não seja uma bruxa e sim alguma imagem religiosa, devido ao nome sugestivo e suas características não apenas física, mas também seu jeito.

Falando mais sobre a história do filme que é muito bem trabalhada na crítica de Felipe Bragança, o começo e o fim do filme se unem passando uma mensagem de esperança, o filho de Alexander deitado aos pés da árvore morta, a mesma que Alexander regava e que ainda não floresceu, fala pela primeira vez a pergunta primeira “No princípio era o verbo”, “Por que, pai, por quê?”.

Cronologia dos filmes

1972 – Solaris
1975 – O Espelho
1983 – Nostalgia
1986 – O Sacrifício

Marcas de autoria do diretor

Andrei Tarkovsky, diretor de filmes cujo gênero é de difícil classificação, pois abrange todos os gêneros em um mesmo filme.

Seus filmes são longos, com longas cenas paradas, sem grandes acontecimentos. No entanto, isto é um truque do diretor pois são filmes que exigem sua atenção a pequenos detalhes até em cenários. Caso não acompanhe, será fácil se perder durante o longa ou não entender acontecimentos futuros.

Os temas de seus filmes são de difícil interpretação devido à profundidade que possuem, muitos deles refletindo acontecimentos e sentimentos vividos por ele, diretor. A semiótica é muito presente nos temas religiosos e filosóficos existenciais, o telespectador tem que ter alguma introdução para compreender os filmes e fazer analogias.

Sua câmera não possui efeitos ou movimentos inusitados. Ela é simples, mostra bem o ambiente e o personagem em cena, não costuma dar close de câmera, é uma câmera mais estável.

Tarkovsky gosta de cortar a cena para passar sonhos, tendo presente em todos os seus filmes, o  que retrata somente com uma mudança de cor na tela, levando para um tom de sépia ou preto e branco geralmente.  O passado é mostrado também com mudança de cor. O diretor não acha a necessidade de saturar cores ou mostrar qualquer foco nelas em momentos chave do enredo, o público deve se focar nos acontecimentos. Acompanhada desse visual, o áudio se faz presente nos filmes em forma de: natureza, sons de animais, vento, chuva, também com um pouco de foco em sons repetitivos, como relógios e passos. Não há uso frequente de trilhas sonoras musicais. Uma particularidade de Tarkovsky é na verdade a pouca importância que via durante sua produção no som, apenas na edição se via como extremamente necessário, ressaltava esse. Tudo isto faz com que o telespectador tenha uma experiência menos racional e mais emotiva quando assiste aos filmes, sendo caracterizado como primeridade.

Na maioria de seus filmes, há elementos como: água, natureza, religião, filosofia, o homem e suas dificuldades, sempre presentes e representadas de diferentes formas, várias vezes analógicas.

Na hora de filmar personagens, ele costuma usar o “portrait shot”, focando do colo do peito da personagem para cima. O olhar é essencial para passar a primeridade ao espectador.  Na câmera estática ao filmar o cenário a entrada da personagem (ou objeto, carro) costuma ser pela esquerda.

Tarkovsky se inspirou muito em um diretor japonês, Akira Kurosawa, que mostrava o enredo não por ações de clímax, mas sim com pequenos atos do dia a dia. Há um grande culto ao cotidiano, fazendo das mais simples coisas algo significativo.

 

Análise cena – Soláris

         A cena do quadro e levitação de Kris e Hari mostra, inicialmente, a mulher sentada e olhando fixamente para o quadro Caçadores na Neve, de Pieter Bruegel. Esse tempo que a câmera passa percorrendo o quadro todo, tem a principal função de fazer o telespectador sentir a experiência vivida pelo personagem em questão.

          O filme trabalha na questão do que separa o real e o imaginário, tanto na questão do planeta Solaris, que de alguma forma materializa os pensamentos das pessoas que nele habitam, como nessa cena em que Hari projeta o seu pensamento tornando-o material através do quadro. Nesse momento, o “fantasma” da esposa de Kris encontra a razão da sua existência: a arte. Diante dessa questão, a arte desperta emoções e faz com que ela se sinta mais do que um simples ser ilusiório, em outras palavras, a arte a humaniza.

          A levitação na segunda parte da cena simboliza o oposto da primeira, pois não se trata de uma cena ilusória, que diante da questão espiritualizada da arte e o percorrer da câmera se torna mais real. A cena dos dois levitando é uma cena real, porém ainda sim uma experiência espiritual. Além disso, também é importante ressaltar que, a imagem de Kris e Hari levitando lembram pinturas de Marc Chagall: O Aniversário e Sobre a Cidade.

 

Imagem

Caçadores na Neve – Pieter Bruegel

Processo de criação

Assim que divulgado nosso autor, o grupo começou a se organizar para assistir os filmes. Optamos por alguns dos filmes serem assistidos separadamente como: Soláris e Nostalgia  , e outros em conjunto como: O Espelho; O Sacrifício, deste modo conseguimos ter uma visão única sobre diferentes aspectos como filmagem, enredo, sonoplastia…

Dia 29/03 nos reunimos para discutir sobre o nosso enredo, apontamos tudo que analisamos durante os filmes: tipos de filmagem, aspectos marcantes do autor como água, natureza ( principalmente o som da natureza com animais), questão do cristianismo, espelho( mostra o verdadeiro eu), a presença da mãe( devido a acontecimentos em sua vida).

Com os aspectos listados, nós fizemos o enredo tendo eles como base. 

Segue o nosso primeiro rascunho/roteiro:

O ferreiro

A doença não é o personagem principal

Sequencia: menina no hospital esperando por um doador e durante o meio tempo a médica está tendo dificuldades em achar um coração que “caiba” e o tempo está passando. No final acaba aparecendo um doardor, sem pós cirurgia.

Pseudo transplante: mudança de um órgão para o outro, transformação. Pega água que significa transformação e põe nesse esquema.

Religião, reza para acharem um doador,

Espelho: mãe, perde a esperança, tenta achar alguma solução.

Mãe esta guiando para o lado tudo bem, mas na realidade o tempo da filha está acabando, o espelho vai mostrar o que realmente a mãe sente.

Sonho: a garota encontrar o doador. Conversa em um lugar oposto do hospital(morte) >  flores  (natureza vida).

Preto e branco ou sépia

Ultima cena: com o som do eletrocardiograma

Sonho 1: relógio, tempo acabando

Começa:

Teaser: sai da água pingando, eletrocardiograma, ela saindo.

Musica: pesada, agua pingando, passarinho.

Objetivo: passar o sentimento

Desconforto e medo de perda.

Briga com a mãe: a filha toma consciência do estado que ela está, corta o som, aparece as duas exaltadas,

Cena: operação/banheira

Cena: Briga

Cena: Espelho

Cena: Reza

Cena: sonho

Presente: Cena 1 cirurgia, ou algo que remeta a ela

Filma o banheiro, sem close e ai a mina entra em cena

Pessoa entrando na banheira, mostra ela dentro da água.

Cena 2: menina e mãe conversando sobre o problema de um modo ameno, tranquilo. A mãe está penteando o cabelo dela. E vão para a cena da reza.

– A mãe esta tentando deixar a filha melhor, ela fica penteando o cabelo da filha, com um espelho de Mao talvez. Enquanto conversam

Mãe: Você está se sentindo bem hoje? ( de modo cuidadoso)

Filha: ah, to bem…a noite de hoje foi mais tranquila que a de ontem

~~~~~~ filha e mae tem alguma conversa sobre vontade ou algo banal para descontrair~~~~

Continuam conversando sobre isso

Foco rosto da mãe e da filha

Entra enfermeira> sem foco no rosto>ombro, entrega sopa.

Ela já está há um tempo no hospital, por isso nem conversa mais com as enfermeiras e pá

A filha toma um remédio

Enfermeira sai: momento de silêncio

Mãe e filha olham para lados oposto

Mae passa a Mao no cabelo da filha ( ta tudo bem)

Filha: mãe acho que vou descansar um pouco

Mae vai pegar o terço, senta na cadeira e começa a rezar

Filha brincando com um escapulário

Cena 3: a mãe está em algum outro lugar ao telefone, reação de ansiedade,

Mãe: aham….eu entendo…obrigada

Ela começa a mostrar este momento de tenso, angústia, ela coloca as mãos no rosto, apertando o olho, e passando as mãos pelo rosto e os cabelos. Ela está desesperada, chateada, achava que estava tudo bem mas na realidade não está. Vai ao encontro de um espelho e ao se deparar nele, mostra os verdadeiros sentimentos que estão passando com ela, começa a chorar, mostra a sua angustia, seu desespero, pois sua filha está morrendo, ela não pode fazer nada para mudar isso mas tem que parecer bem e tem que demonstrar tudo ok para a sua filha.

CORTE

Cena 4: briga

Filha percebe que tudo não está bem, mas a mãe fica fingindo que está e dai a filha se revolta pq a mãe fica escondendo as verdades dela, não fala mais sobre o diagnóstico, a filha insiste em conseguir as verdades sobre o real estão dela.

– mãe entra no quarto, silencio, agustia, mãe não está normal

Filha- nossa mãe, vc esta quieta hj, ta tudo bem?

Mae: já tomou seus remédios hoje? ( ignorou a pergunta)

Filha: faz um olhar intenso, de dúvida – Sim, mas me responde, o que aconteceu?

Mãe: Comprei esse casaquinho pra vc

Filha gritando: MAE O QUE ESTA ACONTECENDO?

Mae encara a filha com o olhar de estou perdendo minha filha, minha preciosidade, quase chorando

FILHA: MAEEE!!!

A cena fica em silencio, foco na cara da mãe

Mãe: Desculpa

CORTA 

Filha: não ta funcionando, não estão achando ne?

Filha: eu não aguento mais viver nessa situação, eu nãos ei se quero mesmo um doador, se já está tão difícil PQ NOA ACABAMOS COM TUDO? HEIN?! Ai acaba a minha dor, a sua e a de todo mundo. Me diz QUAL É O SENTIDO DA VIDA se for pra eu ficar deitada aqui até os meus últimos dias? Todo santo dia é a mesma coisa (dedos): acordo na mesma cama, onde é servida a mesma comida, que é servida pela mesma pessoa que vem me observar todas as noites. Qual o sentido de tudo isso?

A filha levanta da cama, muito agressiva, ela levanta e ai se cansa quase caindo e fica sem fôlego, coloca a mão no coração, da um suspiro, a mãe ajuda a filha a se deitar.

Corta

Cena 5: Sonhos – filma natureza, filma as costas do cara, se aproxima dele, mas ai a menina entra e senta ao lado dele. Eles estão observando a natureza

Ferreiro: Como você está se sentindo?

Ele olha para ela

Filha: Não aguento mais essa pergunta! ­Eu não estou bem, não aguento mais isso, eu quero continuar mas  meu corpo não me acompanha mais

Silencio ~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Ferreiro: Se vc deseja, vc vai conseguir. Eu estou com você.

Ele segura a mão dela

Ferreiro: Eu vou reparar o que está de errado em você. > se falar devagar, vai ficar uma bosta

Acaba

Fade out

Cena 6: voltando no banheiro. Bem, fora da banheira, água respingando,um olhar de agora ta bem.

Olhar de alivio. 

 

Crítica de Rejane Borges

O cinema poético de Andrei Tarkovsky

Por Rejane Borges

A sensibilidade do Cinema de Tarkovsky nos leva a um universo filosófico de poesia e introspecção. Sua obra foi caracterizada pelo drama existencial. E na ânsia de descobrir todo o mistério que circunda o Homem, sua obra culminou em uma profunda reflexão acerca do espírito e sentido do ser humano.

O Cinema de Andrei Tarkovsky é complexo. Andrei Tarkovsky era complexo. Afirmou que “por meio do Cinema era necessário apontar os problemas mais complexos do mundo”. E ele, de fato, situou os problemas do mundo em seus trabalhos. Era um existencialista, queria conhecer a fundo a consciência do Homem. Assistir a um filme de Tarkovsky é como dialogar com a filosofia. Intimista, detalhista, racional. Entretanto, este excesso de racionalismo é, por vezes, compensado por uma dose de fantasia, o que deixa seus filmes ainda mais intrigantes.

Nascido em 1932, filho do poeta russo Arseni Tarkovsky, estudou música e pintura quando jovem, evidenciando que herdara a veia artística do pai. Formou-se em Geologia, mas abandonou a profissão por amor ao Cinema. Começou sua carreira com o renomado “Andrey Rublev” (1966), sobre a vida do pintor russo de ícones religiosos. Considerado por muitos críticos sua obra-prima, o filme trata sobre fé e espiritualidade. Logo após veio Solaris (1972), uma profunda análise existencial que mistura ficção científica e filosofia. Em 1974 lançou “O espelho”, quase um diário de memórias do diretor, com uma narrativa amparada nas poesias do próprio pai, o que confere um ar romântico ao enredo. É neste filme que Tarkovsky atiça todos os sentidos com uma originalidade surpreendente para a época. Em 1979 lançou “Stalker”, também com traços autobiográficos, e venceu o “Prêmio da Crítica do Festival de Cannes”, em 1980. “Stalker” trata, com maestria, as relações entre os indivíduos.

A sede pelo autoconhecimento levou o cineasta a produzir uma obra que pode ser considerada uma das mais pessoais de todo o Cinema, uma obra quase que inteiramente autobiográfica, a qual buscava conceitos absolutos como a Verdade, o Amor, a Liberdade, a Consciência.

Por ser inspirador foi chamado de “Dostoievski do Cinema”. E pelo mesmo motivo foi alvo de uma extrema censura, sendo profissionalmente muito prejudicado na URSS, o que o levou a abandonar seu país. Porém, seus trabalhos continuaram com a mesma temática e em 1983 lançou “Nostalgia”, com o qual regressa à infância em uma verdadeira odisséia de lembranças. Seu último filme foi “O Sacrifício”, de 1986, permeando temas como determinação e esperança, levando quatro prêmios em Cannes. À época, o cineasta já estava combatendo um cancêr de pulmão que o levou à morte naquele mesmo ano.

O cineasta exige de seu público certa introspecção, por serem seus temas sempre enigmáticos e apoiados em correntes filosóficas. Certamente que não agrada a muitos que buscam na arte apenas um entretenimento leve, como tantos outros filmes que são assistidos e esquecidos na manhã seguinte. Mas o Cinema de Tarkovsky não pode ser esquecido. Seus filmes são poesias em película.

Durante seus anos de trabalho com as câmeras escreveu o livro “Esculpir o Tempo”, um conjunto de reflexões sobre o Cinema. Um verdadeiro elogio à sétima arte, no qual compara o trabalho do diretor ao de um escultor que, “guiado pela visão interior de sua futura obra, elimina tudo o que não faz parte dela”.

O Cinema europeu sempre rendeu excelentes estórias. O Cinema de Tarkovsky rendeu excelentes percepções. E muitos se renderam à sensibilidade com a qual ele enxergava a complexidade do mundo.

Comentários do grupo: 

Os filmes do Tarkovsky tem como objeto principal o homem e suas questoes interiores, assim como o crítico disse. Em suas obras, o autor dialoga bastante com a filosofia, no entanto, nao concordamos com o crítico ao dizer que o racionalismo aparece em excesso nos seus filmes, pois o objetivo de Tarkovsky é mecher com as emoções do telespectador, por meio da imagem e audio, se apropriando da primeiridade.

As obras de Tarkovsky assim como o critico disse, possuem muito de sua vida, temas religiosos, ficção cientifica, filosofia. Isso o caracteriza como um autor complexo.

Concordamos com o crítico no fato de que os filmes do cineasta nao sao apenas por entretenimento, é necessario filosofar, e prestar atenção em cada detalhe pois no futuro será cobrado.

Anotações filmagem Solaris

Cenas de close em uma pessoa e depois na outra sem corte
-Cenas em que primeiro mostra a paisagem e um personagem aparece depois entrando em cena pelo lado esquerdo
-Cenas dando zoom sem pudor
-Cenas olhando diretamente para a câmera!!
-Cenas longas de alguma paisagem com alguém caminhando ao fundo
-Cena de dentro de um carro, andando sem parar (por muito tempo) e depois vai para um lugar calmo (no caso uma casinha no interior)
-Cena dormindo: enfoque nela por alguns instantes, sem novidades
-Close no rosto dormindo e depois abrindo os olhos para escutar a conversa
-Cena no quarto em que fecham a porta e logo que faz o clique da fechadura a câmera vai pro rosto dela que abre os olhos e ela se retorce na cama ( o som da porta fechando liga com o som do abrir dos olhos)

“A primeira e a…

“A primeira e a última cena – o ato de regar a árvore infrutífera, que, para mim, é um símbolo de fé – são os pontos altos entre acontecimentos que se desenrolam com intensidade cada vez maior”

-Tarkovsky